terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Macarrão de depois de amanhã

Quem nunca fez um macarrão para aproveitar as sobras da festa que atire a primeira colher de pau!

Esta aqui é típica massinha de ressaca de Natal. Nós a comemos com algumas folhas verdes, tomates e Coca-cola. Nada melhor para agradar ao humor e fazer um carinho na barriguinha, tão sobrecarregada com as exigências digestivas da semana.

Sem guardar nenhum gosto da festa, eu a preparei com as sobras do pernil de porco. Foi preciso picar uma cebola em quadrados pequenos, temperá-la com uma colher de chá de páprica, um pouco de sal e uma pimenta vemelha sem semente bem cortadinha. Assim que tostou um pouco, acrescentei três ou quatro dentes de alho (já não lembro mais) cortados sem nenhuma cerimônia.


Sem esperar que dourasse muito, coloquei a carne (cerca de duas xícaras) picada em quadrados pequenos e a deixei fritar por uns dois minutos. Acrescentei, então, um tomate sem pele e sem sementes em pedaços e deixei-o desmanchar um tantão. Despejei uma lata de molho de tomate (vixe, não quer usar da latinha? - bom trabalho então) adicionei uma colher de chá de açúcar para regular a acidez, duas colheres de sopa de folhas de manjericão, dei uma acertada no sal e voilá, despejei tudo sobre o já conhecidíssimo talharim número 2 que estava esperando.

domingo, 28 de dezembro de 2008

(Hohoho) Milagre de Natal

Passei anos e anos achando o Natal uma chatice... só comecei a gostar depois que ele deixou de ser uma trabalhosa obrigação e se tornou uma desculpa para ficar horas na cozinha pensando o cardápio, preparando os assados e encomendando -ops- os doces (ninguém é de ferro, né?).


Confesso que depois das primeiras horas de trabalho, especialmente com o forno ligado, picando e cortando numa cozinha que beira os 54ºC, sempre penso que o cardápio tradicional não se ajusta ao Natal tupiniquim. Muito calor, minha gente, muito calor para tanto tempo de forno.

Já fiz ajustes na ceia de ano-novo. Há dois ou três anos abandonamos a carne de porco por frutos do mar. Escolho pela cor e pelo andar: preciso de salmão porque é cor-de-rosa e nada para frente. Seguindo esta mesma lógica, não comemos caranguejo (anda para trás, ou para o lado - como preferires) e carne de aves. Frutas, gosto das amarelas para trazer dinheiro e vermelhas para trazer amor.

Mas bem, estava falando do Natal: acho que a ceia tradicional não se adapta ao clima tropical - ou mesmo ao subtropical, como é o meu caso. Achei que era hora de levantar esta bandeira, mas como toda a grande mudança é um processo, o meu começou devagarinho e pela primeira vez o meu cardápio não contou com farofa. O peru foi recheado com creme de batata doce e linguiça e farofa foi corajosamente abandonada depois de 35 anos, sem falhas.

Achei que planejamento poderia ajudar, então comecei a brincadeira no dia 22: com o menu decidido, fui ao supermercado empunhando uma lista de compras e a expectativa de ficar horas disputando o peru com ferozes donas-de-casa. Qual não foi minha surpresa quando percebi que toda a cidade tinha ido para a praia e o lugar era meu. Só meu. Hahaha, achei que era um sinal de que estava no caminho certo.

Depois de descongelarem por um dia inteiro, no dia 23 assei o peru já recheado e o pernil desossado, que fiz com alecrim e cachaça de gengibre acompanhado por castanhas portuguesas. Cerca de seis horas depois, arrumei a mesa e me organizei para preparar os acompanhamentos no dia seguinte: arroz de jasmim com cogumelos picantes, mix de folhas verdes, muzzarela de búfala com cerejas frescas (parece melhor do que ficou), ponche e entradinhas de queijo.

No dia seguinte, com a mão no quadril, os hormônios fervilhando e boa parte da ceia de Natal para preparar, pedi aos guris para darem uma ajeitadinha na casa, o que eles fizeram com boa-vontade e, claro, um pouco de medo - já que não nasceram ontem.


O resultado da trabalheira foi tão bom que me fez acreditar no milagre de Natal: planejamento, cooperação e ventiladores na cozinha.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Moranguinhos na panela

Se você mora aqui pelo Sul e ainda não comprou a cota que lhe cabe, corra para aproveitar. Sim estou falando dos morangos: estamos no finalzinho da melhor safra dos últimos anos. Se você os quer doces e saborosos, afaste-se das opções de supermercado. Compre os orgânicos na sua feirinha, no mercado, quem sabe até no armazém da esquina: são menores, mais doces e prometem não conter agrotóxicos. Ainda assim, só para garantir, os deixo de molho numa bacia por uns 30 minutos, trocando a água de vez em quando.

Gosto de comê-los puros e o Fre adora com leite condensado. Mas se você quiser comprar uma caixa de 1kg, pode usar o excedente para preparar uma geléia como esta aqui. Fácil e rápida de fazer, combina com sorvete, biscoitinho, bolo e pãozinho. Se tiveres coragem, combina também com carnes. Além de tudo, fazer geléia impressiona. Embora seja mais fácil que fritar um ovo, parece até uma receita de quem sabe o que está fazendo na cozinha.



Limpe cerca de 200g de morangos sem os partir. Coloque numa panela pequena e cubra com água. Acrescente cerca de duas colheres de sopa de açúcar (ou mais, se gostares bem docinho) e uma dose de cachaça. Deixe ferver mexendo de vez em quando até engrossar e ficar em ponto de geléia. Está pronto!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O pãozinho e a celebridade

Praticamente todo o jornal ou revista brasileiro faz aquela entrevista-clichê, tipo pingue-pongue, em que a celebridade abobalhada responde onde gosta de passar as férias, a lição mais valiosa já aprendida na vida e outras asneiras lacrimosas do mesmo padrão.

As respostas são sempre as mesmas, mas como esperar outra coisa se as perguntas são sempre iguais? Uma perguntinha-fraca que recebe sempre a mesma respostinha-boba é o que você não resiste em consumir. Nunca vi ninguém dizer outra coisa que não fossem livros e CDs. É incrível, nada de carros-esporte e armas de fogo? - ou mesmo alguma coisa mais trivial, como pornografia americana, sapatos italianos e perfumes franceses?

Ah pára, seu celebridade, quem tu achas que está enganando? Já te ouvi falar e sei que para conquistar este vocabulário todo, jamais leste uma frase na vida. E CDs?, hum-hum, aposto que baixaste o da Ivete? Conta aqui no meu ouvidinho...

Celebridades à parte, preciso confessar que faço o tipinho pão-duro. Odeio experimentar roupas e sapatos e embora me perca numa livraria, resisto bravamente e saio com menos exemplares do que precisaria. Então, até pouco tempo, achei que era praticamente imune a desvarios irracionais de consumo. Mas observando meu comportamento, percebi que uma coisa, sim, uma coisa somente, acorda meu diabo tasmaniano, transformando-me numa compradora insaciável. Pasmem, são artigos de agroindústria familiar.

Acredita nisso? É verdade, posso dizer que também fiquei supresa quando me vi atônita com aquela peça de queijo na mão: Ziza, tens outro queijo em casa, vais comprar este para quê? - pensava com meus mal-pregados botões. Mas, entendam, eu estava passando em frente à feirinha de economia solidária e, sem me desviar do caminho para casa, já havia comprado dois pacotes de biscoito, um salame, um pão caseiro de aipim e uma cachaça de gengibre que eu também não precisava. O queijo colonial era a combinação perfeita para aquela brincadeira toda.


O queijo não está na foto, mas naquela noite, a janta foi de gringo, a satisfação foi garantida e eu fiquei feliz por não ter nenhuma quedinha por carros.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Costelão Domingueiro

Originalmente popular nas fazendas voltadas à criação de gado, há poucos anos começou a fazer bastante sucesso entre os asfalteiros citadinos, graças a alguns poucos e bons restaurantes que se esmeram em produzi-lo, e aos churrasqueiros de quintal, naturalmente.

O famoso costelão pode ser de porco ou gado. É assado praticamente inteiro na brasa por seis horas ou mais. Você já ouviu falar em história de pescador? Bem, esta receita já entrou no cancioneiro do assador e o tempo varia, podendo chegar a dez ou - pasmem, doze horitchas no calor fraquinho, fraquinho - conforme o tamanho do conto.

Seja como for, a técnica garante à melhor das carnes gordas um resultado absolutamente ímpar. A gordura derrete e confere um sabor fantástico à carne, que fica macia como você nunca viu igual.

Bem, eu conto tudo isso para dizer que não fiz esta costela, mas uma versão de forno bem inspirada e preguiçosa. Um bonito pedaço de 1,5 kg da carne de gado foi o suficiente para despertar o desejo. Temperada exclusivamente com sal grosso (para que mais?), ela foi envolvida como um presente em papel alumínio levemente untado com óleo e colocada no forno em temperatura baixa por cerca de 1h30.


Depois deste período, o papel alumínio foi retirado e a carne voltou ao forno para dourar, desta vez acompanhada por cebolas cortadas em metades e salpicadas com sal.
As vagens foram cozidas no vapor e lambuzadas no caldinho que sobrou do assado.

Acompanhe tudo pelo seu melhor apetite!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Cogumelos picantes com alho-poró

Se tem uma coisa que posso dizer com segurança, é que nunca fui indiferente a uma bela porção de cogumelos. Na infância, imaginava que sua função seria apenas (como se fosse pouco) abrigar adoráveis duendes. Na região da serra, para onde eu viajava com certa frequência, era possível colhê-los e colecioná-los por algumas horas, geralmente até que minha mãe os visse e os jogasse no lixo, com assustadoras repreensões sobre as propriedades tóxicas do fungo.

Quando os champignons vieram para a nossa mesa (na época, era a única espécie disponível para consumo) levei algum tempo até me convencer de que o produtor realmente saberia diferenciar os tipos comestíveis dos demais. Minha corrida para catá-los e experimentá-los o mais rapidamente possível era a mais pura abnegação: eu estava protegendo a vida da família, e não sendo gulosa, como poderia ser facilmente acusada.

Se antes eram em conserva e acompanhavam o estrogonofe, hoje os prefiro frescos, salteados ou mesmo refogado como este aqui.


Lavei uma caixa de cogumelos e os piquei em quatro. Deixei de molho no suco de um limão siciliano e um pouco de sal. Se preferires menos acidez, deixe os cogumelos inteiros nessa marinada para que eles não a absorvam demais.

Numa panela wok, esquentei um fio generoso de azeite de oliva, onde refoguei uma pimenta vermelha sem sementes cortada finíssima. Assim que começou a tostar, acrescentei dois talos de alho-poró cortados em anéis. Usei somente a parte branca, desprezando a verde.

Larguei um pouco de sal e coloquei os cogumelos, que refogaram até amaciar e secar o líquido liberado. Na finaleira, coloquei seis ovos de codorna fervidos por cinco minutos e descascados. Comemos com pão e queijo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Victoria sponge à minha maneira

A receita saiu direto do livro How to be a domestic goddess da Nigella, mas eu insisto em dizer que é o bolo da rainha...

A massa veio atender meu desejo de fazer um pão-de-ló perfeito. Já havia tentado algumas receitas e posso até dizer que todas deram certo: algumas eram boas, outras realmente ótimas, mas nenhuma era exatamente o que eu esperava. Bem, tudo mudou com ele.

Na primeira vez, usamos medidas normais (uma xícara, colheres rasas etc), o bolo ficou fantástico, mas pequeno. Mais tarde lembrei que tínhamos que usar as medidas tamanho Nigella e a xícara virou uma tigelinha - Uh, lá, lá.


Na bacia da batedeira, coloquei a xicrona de manteiga amolecida (não se assuste, mas chegou perto de 200g) e bati com a mesma medida de açúcar até formar um creme claro: usei açúcar de baunilha preparado em casa e não coloquei o extrato solicitado na receita original.

Separei uma xícara (leia sempre tigelinha, ok?) e 1/3 de farinha de trigo e duas colheres de chá de fermento químico bem misturadinhos. Na massa de manteiga e açúcar, coloquei cinco ovos, um de cada vez. A cada adição, acrescentei uma colher de sopa de farinha e bati mais um tantinho a mistura. Concluído o processo, coloquei o restante da farinha, duas colheres de sopa de maizena e três colheres de sopa de leite, só para amaciar um pouco.

O bolo da rainha pede muitas berries que recheiam o pão-de-ló em formato de torta. Mas resolvi atender minha minha rebeldia e assei a mistura por cerca de 30 minutos numa forma de anel redonda, muito bem untada e enfarinhada. Para enfeitar o miolo, bati uma xícara de creme de leite fresco com três colheres rasas de açúcar de confeiteiro até o ponto de chantilly. Misturei com amoras frescas e servi geladinho.

No dia seguinte fica ainda melhor.

Em tempo: para ter sempre açúcar de baunilha em casa, coloque uma ou duas favas (podem ser encontradas em delicatesses) num pote bem fechado com um quilo de açúcar e deixe alguns dias para aromatizar. Vá repondo o açúcar na medida em que você o utiliza.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tainha com farofa de sálvia

Nós três gostamos muito de comer um peixinho... infelizmente os preparo com menos frequência do que gostaria - e os posto menos ainda. A desculpa, naturalmente, é minha falta de habilidade para cozinhá-los. Faço duas ou três receitas, em que vou substituindo os ingredientes principais - e mantenho sempre a mesma técnica de cocção.

Num esforço para prepará-los com mais frequência, venho buscando novas espécies e, na medida do possível, tentando variar as receitas. Ainda assim, vez por outra acabo fazendo a versão assada. O arqumento é que é mais saudável, aproveita-se melhor a carne e é muito mais prático. Basta não esquecê-lo no forno para índice de erro ficar bem próximo de zero.


Esta aqui é uma tainha assada. Preparei sem nenhum recheio, do jeitinho mais fácil. Comprei o peixe inteiro e limpo. Em casa, o lavei bem e retirei parte das escamas que ainda sobravam. Lambuzei o bichano com azeite de oliva e temperei por dentro e por fora com sal e pimenta-limão (uma mistura de pimenta branca e preta, com malaguetas e casca de limão seca), que garante um picante-azedo fantástico.

Deixei assando no forno numa assadeira untada por cerca de uma hora, até ficar bem douradinho e crocante. Durante o preparo, reguei a assadeira com um pouco de água para não queimar.

A farofa é feita cobrindo o fundo da panela com óleo vegetal comum. Uso bastante o de canola para não interferir no sabor dos alimentos. Quebrei um ovo e misturei bem, sem medo de deixá-lo boiando no óleo. Agora é hora de temperar com sal e pimenta do reino moída na hora. Despejo, então, a farinha de mandioca e deixo a mistura empelotar. Se secar demais, coloco mais um pouquinho de óleo. As folhas fresquinhas de sálvia foram acrescidas no final.

A farofa também serve para comer com carne e feijão (nesse caso, acrescente um pouquinho de bacon ou linguiça antes de refogar o ovo). Delícia.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Iogurte sem iogurteira

Se você circula por food blogs, deve ter percebido que vários deles andam postando receitas de iogurte. Deixaram-me com vontade não apenas de comê-los, mas de comprar uma iogurteira.

O problema é que minha casa é pequena e minha cozinha já não suporta mais tranqueiras, então resolvi retomar uma receita antiga (da minha irmã) da qual as iogurteiras seguem o princípio básico.

Acenda o forno e deixe aquecer. Nesse meio tempo, esquente um litro de leite (fiz com semi-desnatado) até cerca de 70ºC: ele ficará bem quente, desgradável ao tato se pingado na mão. Não o deixe ferver.

Despeje um copo de iogurte natural na leiteira e misture bem. Tampe e enrole o recipiente com um pano de prato, abafando bastante. Desligue o forno e deixe o preparado lá dentro, quieto por umas oito horas - claro que eu faço antes de ir dormir.


De manhã, você terá um litro de um belíssimo iogurte. Eu gosto de comer puro, com frutas misturadas. Mas você pode bater com mel, aveia, açúcar mascavo ou que mais desejares.

Obs: separe um copo deste mesmo iogurte para preparar novamente.

domingo, 16 de novembro de 2008

Quem não planta para comer? - parte II

Aquela famosa rede de supermercado aqui da região Sul está vendendo (puxa, já faz um tempão) vasinhos com ervas para chás e temperinhos deliciosos. Meu manjericão já ganhou a companhia de um pé de hortelã, uma sálvia e um tomilho.

Embora eu os coma com moderação (sim, eu continuo com pena de arrancar as folinhas), confesso que fazem uma senhora diferença, mesmo em qualquer pratinho de última hora. Para provar, segue aqui a foto do meu talharim com azeite de oliva, sal e tomilho.


Cozinhe o macarrão em água salgada até ficar al dente, despeje no prato de servir, acrescente azeite de olva e folhinhas de tomilho. Se quiseres, rale na hora um queijo parmesão por cima de tudo.

Barriguinha cheia, nenhum trabalho e comidinha gostosa.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Bolo de carne muito fácil

Ele faz bonito e não exige nenhuma habilidade culinária. Se você se sente confortável com uma faca de cozinha (mesmo as de serrinha), já pode prepará-lo e fazer sucesso no almoço informal com a prima-irmã da sua sogra.


Pique três dentes de alho, meia cebola e um tomate em pedaços pequenos. Misture 500g de carne moída, uma linguiça picadinha, 50g de manteiga, dois ovos batidos, sal, pimenta do reino, orégano e uma xícara de farinha de rosca. Use as mãos e misture com vontade.

Unte uma forma com bastante manteiga e, no fundo, coloque alguns tomates em fatias. Despeje a mistura na forma e coloque no forno quente para assar por 40 minutos, ou mais, até ficar douradinho. Desenforme e sirva quente, com arroz e salada.

Se você é daqueles que não suporta comida sem molhos, sirva com um bechamel. Fica delicioso.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bolo-mousse de tangerina

Enquanto a saboreava, pensava: será um bolo? será uma mousse? Como não estava a fim de controvérsia (ainda mais comigo mesma), apelidei esta sobremesa de bolo-mousse de tangerina.


Inacreditavelmente gostosa, ela exige seis tangerinas daquelas bem azedinhas. Descasque três delas, tire toda a pele, os fiapos brancos (que deixam um gosto amargo depois de cozido) e os caroços. Bata-as no liquidificador e acrescente três gemas de ovos, uma xícara de açúcar, uma colher de sobremesa com fermento químico, uma xícara rasa de farinha (quer precisão? calcule 7/8) e 80 gramas de manteiga.

Bata três claras em neve e, na mesma bacia, misture-as cuidadosamente com o conteúdo acima. Unte uma forma baixa (aqui embaixo tem a foto de uma versão nos meus novíssimos ramequins que ficaram igualmente deliciosas) e coloque para assar no forno médio por uns 40 minutos. A massa deve ficar levemente molhadinha: queremos um palito úmido no final.


Enquanto o bolo-mousse está assando, pegue as três tangerinas que sobraram, descasque e coloque tudo no liquidificador. Dessa vez, não precisa cuidados especiais. Penere todo o bagaço (fiapos e coroços) e guarde apenas o suco.

Numa caneca, misture o suco com meia xícara de açúcar e esquente em fogo baixo até formar uma calda. Não deixe ferver. Despeje esta calda sobre o bolo já assado, mas ainda quente e enformado. Deixe-o absorver todo o líquido. Se achar que está demorando muito, faça furinhos com um garfo para ajudar. Desenforme depois. Coma quente ou gelado.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Churrasco do dia seguinte ou arroz de carreteiro

Churrasco aqui não tem nada de barbecue, assamos a carne no carvão e comemos sem muita frescura, acompanhada por folhas verdes e cerveja gelada. Bem, uma saladinha de batata com maionese também é um clássico. Aqui em casa, fazemos preferencialmente com vazio (fraldinha), maminha, entrecot e salsichão. Pão com alho, cebolas e pimentões assados também são muito bem-vindos.

O churrasco vira sempre várias coisitas gostosas no dia seguinte. Todas as famílias gaúchas tem suas receitas para o reaproveitamento da carne que sobrou: minha madrinha faz croquetes maravilhosos e uma amiga prepara até sopa.

A única unanimidade entre todas as moças e rapazes prendados é o arroz de carreteiro. A receita tradicional pede charque, mas quem se importa? A carne de churrasco, provavelmente, já é muito mais usada para elaborá-lo do que qualquer outra disponível. Vou acrescentar que o resultado é bem similar (senão idêntico) com uma carne bem tostadinha assada no forno.


Espero não ofender nenhum tradicionalista, mas fiz várias alterações na receita e o meu carreteiro é preparado assim: refoque no óleo três dentes de alho, uma cebola picada em quadrados pequenos e um pimentão verde. Acrescente duas xícaras da carne picada (pode misturar mais de um tipo - fica ótimo), se tiver um pedacinho de gordura, tanto melhor: espere ela tostar e liberar um pouco de suco. Agora é hora de colocar uma xícara de arroz comum, tipo cateto, e deixá-lo refogar um pouco na mistura.

Acrescente, então, um tomate picado sem pele e sem semente. Deixe fritar bem e desmanchar um pouco. Em seguida, despeje duas xícaras e meia de água fervente e tampe a panela. Mexa de vez em quando e, no final do cozimento, acrescente um punhado de salsa e cebolinha picada.

O arroz deve ficar molhadinho e bem cozido. Se for preciso, adicione mais água para não secar. Como a carne é assada com sal grosso, este condimento é totalmente dispensável. Mas vale colocar uma boa pitada de pimenta do reino.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Pacotinhos de linguiça à facão

Com um olhar condescendente e uma certa dose de impaciência (- o que tanto pergunta esta menina?*), o açougueiro explicou que a linguiça cortada à facão se despedaça assim que tiramos a pele. Nada moído, nada fatiado. São mesmo pedacinhos de carne suína selecionados com carinho, acrescidos de pouca gordura e ligeiramente defumados - vou levar esta, decidi.

Em casa, enquanto a cozinhava, senti que finalmente tinha feito uma excelente descoberta. Perfumada, recheou lindamente minhas panquecas em pacotinhos.

Para prepará-la, retirei a pele de um pedaço de 200g e, numa panela, a amassei até parti-la em pedaços. Liguei o fogo (sem óleo) e assim que a gordura começou a soltar, acrescentei três dentes de alho bem picados.

Nesse meio tempo, assei no forno até dourar uma misturinha básica composta por uma beringela cortada em quadradinhos, um pimentão verde em tiras e um punhado de tomates cerejas partidos em metades. Tudo lambuzado com azeite de oliva (é claro), uma pitada de sal e um bocadinho de ervas finas. Misturei com a liguiça pronta.


Esta mistura genial (deixo a modéstia para depois) foi parar dentro de massinhas de panqueca (veja a receita aqui) finíssimas, que fechei como se fossem pacotinhos. Coloquei-os numa assadeira untada com um pouco de azeite para encrespar no forno quente por uns 10 minutos. A medida deixa a massa crocante nas pontas e levemente selada. Ninguém quer desabar toda a comida na primeira garfada, certo?


Servi com muita salsa bem fresquinha.


* o menina foi por minha conta.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Filhoses no forno

Enquanto Manuela preparava pãezinhos de queijo mineiríssimos, filhoses no forno foi a receita que elegi para participar do Intercâmbio Culinário. A brincadeira funciona assim: uma blogueira portuguesa e outra brasileira trocam receitas típicas de seus países, as preparam e as postam em data agendada. Tudo mediado por este blog aqui.

Sou uma cozinheira de sorte e ganhei uma parceira queridíssima que me ensinou os segredos das filhoses, docinhos típicos da ilha Terceira onde ela vive. Delicada, a massa lembrou-me um pouco as carolinas (ou profiteroles, se preferires a versão francesa).


O recheio, nossa, o recheio fez-me sentir uma chef pâtissier e por isso, vou começar por ele: numa panela, desmanchei duas colheres de sopa de maizena, com 500 ml de leite. Nessa mistura, coloquei um ovo inteiro e cinco gemas (congelei as claras restantes e usei depois para um suflê), 250g (sem balança, calculei que daria uma xícara e meia) de açúcar e a raspa da casca de um limão (usei limão siciliano, tomando todo o cuidado para não deixar a amarga parte branca da casca cair na mistura). Liguei o fogo bem baixinho e deixei cozinhar até o ponto de mingau, mexendo e experimentando sem parar.

A massa foi preparada batendo cinco ovos inteiros até ficarem bem fofinhos. Com uma colher, misturei aos poucos 250g de farinha, uma colher de fermento químico e uma pitada de sal. Em seguida, fui misturando devagar uma xícara de água e a mesma medida de leite até ficar uma massa homogênea e de textura líquida.

Seguindo a dica da Manuela, deixei o forno bem quente e coloquei a massa para assar em forminhas untadas e enfarinhadas. Elas crescem tanto que ficam ocas e são então recheadas com o creminho que já expliquei ali em cima.


Para rechear, abri uma tampinha bem discreta nos bolinhos, enchi um saco plástico com o creme, cortei uma de suas pontas e, devagar, fui espremendo o conteúdo lá dentro.

Depois, mal tive tempo de esperar esfriar antes de comê-las.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Spam para emagrecer

Todo mundo recebe aqueles spams com dicas para uma vida melhor. Preciso confessar uma coisa: eu os leio. Às vezes me assusto com as pragas por deixá-los parados na caixa de entrada. Ainda assim, por norma editorial, nunca os repasso.

Há algumas semanas dei toda a atenção para um arquivo com dicas nutricionais. Ele explicava que a semente de linhaça era um excelente complemento para emagrecer. Desde então, passei a comê-la diariamente. Ela acompanha todas as minhas refeições: está sobre o pãozinho assado, sobre a batata cozida com manteiga, junto às tortinhas com creme de leite e sempre antes das sobremesas, que podem ser chocolates, mousses ou bolinhos. Ainda com todo este cuidado, engordei.

Mesmo apostando que a causa do meu upgrade na balança foi não ter reencaminhado o e-mail original, achei que uma saladinha podia ajudar também.


Esta aqui, preparei usando folhas de espinafre cruas (nunca comeu? Experimenta), radiccio e alface mimosa crespa. Para o molho, usei azeite de semente de uva, uma novidade na minha cozinha. Ele foi temperado com sal e pimenta do reino e despejado sobre a salada. Misturei tudo com as mãos e voilá. Não pode esquecer da linhaça...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Anjo com gengibre e leite de coco escondidinho

O marido tem algumas teimosias só reconhecíveis bem de pertinho...
Ele não gosta de cocada, quindim, chocolate prestígio e doces preparados com a típica fruta tupiniquim (eu já disse que eram bananas?). Por conta disso, ele passou a recusar moqueca e todas as suas deliciosas e exuberantes variações com leite de coco.

Por algum tempo, tentei inutilmente argumentar que os sabores são distintos, as texturas são incomparáveis e os resultados então, nem se fala... Ligeiramente frustrada, resolvi o problema com um truque desonesto (mas justificável - espero que concordem) que foi apresentar este filé de anjo com gengibre e leite de coco (hum, hum - limpando a garganta) sem mencionar o ingrediente final.


Cortei duas cebolas em anéis e meia xícara de café de gengibre em cubos pequenos. Temperei o peixe com sal e distribuí os ingredientes em camadas numa panela alta (primeiro a cebola para o anjo não queimar). Coloquei 200ml de leite de coco e a mesma quantidade de água. Deixei no fogo por cerca de 30 minutos, até cozinhar bem o peixe e o molho reduzir pela metade. Não tinha em casa, mas fica perfeito jogar cebolinha por cima depois de pronto.

Sei que omitir ingredientes é pior que falar de boca cheia, mas conheço o paladar do meu eleitorado e tinha certeza (digo, certeza mesmo) de que ele iria adorar o prato... E só no dia seguinte, depois de colher alguns elogios, confessei a tramóia cheia de culpa.

domingo, 12 de outubro de 2008

Filezinho de porco com alecrim

Tenho uma relação complicada com o alecrim: já comprei, já pus fora e já comprei de novo. Mais de uma vez desisti de usá-lo no último instante. Sempre com receio de que a comida fique com gosto de sachê de armário. Não me peça para explicar, é isso que ele me lembra.

Dia desses criei coragem e preparei um filezinho de porco cortado em pedaços. Eles foram temperados com duas colheres de sopa de alecrim fresco, vinho branco, sal e pimenta do reino e ficaram marinando na geladeira por uns 20 minutos.


Esquentei a panela de ferro com óleo e refoguei uma cebola, dorei a carne e, em seguida, deitei todo o suco da marinada. Acrescentei mais dois cálices de vinho não muito cheios e, logo que começou a ferver, cinco ou seis pedaços de mandioquinha paulista.

Esperei tudo amaciar e o molho reduzir. Fiz as pazes com o temperinho...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Pineapple sponge cake

Este bolo entra na categoria comidinhas de quitanda com nomes importados. Sim, não se impressione com a titulação, é só um bolo de abacaxi. Mas, cá entre nós, que abacaxi...


Para prepará-lo, é preciso untar uma forma redonda com bastante manteiga, descascar e cortar a fruta bem docinha em fatias. Use-as para cobrir o fundo da forma e deixe esperando num canto.

Numa vasilha, bata três gemas com uma xícara de açúcar. Assim que a mistura ficar cremosa, coloque cerca de 80g de manteiga em temperatura ambiente. Depois de bater um pouco, despeje mais uma xícara de suco concentrado de abacaxi, a mesma medida bem cheia de farinha de trigo (deixe um morrinho, sabe?) e uma colher de chá de fermento químico.

As três claras que sobraram são batidas até o ponto de neve e depois misturadas à massa preparada no parágrafo anterior. Asse em formo moderado por cerca de quarenta minutos até o palito sair seco.

Enquanto isso, despeje numa panela uma lata de leite condensado, a mesma medida de suco concentrado de abacaxi e duas colheres de manteiga. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sem parar (recomendo usar um fouet). Ela estará no ponto 10 a 15 minutos depois de começar a ferver (é um ponto de cobertura, não muito duro, nem mole demais).

Use uma faca de pão para dividir ao meio o bolo já frio (eles quebram com facilidade quando estão quentes) e recheie com o leite condensado. Cubra com a metade do bolo que tem os abacaxis.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Rabada com pinhão

Quando eu o vi exposto no açougue fiquei logo toda animadinha. Comprei num impulso, congelei e levei uns dois meses até conseguir prepará-lo. Por duas ou três vezes eu propus cheia de alegria à família: vamos comer rabada????? Ouvi gemidos em negativa e, bom, nem vou falar das caretas.

Neste final de semana ignorei as súplicas dos guris, piquei uma cebola em quadrados pequenos e deixei refogar na panela de ferro com sal e pimenta do reino. Assim que ela empalideceu ligeiramente, coloquei cinco dentes de alho picados, 1kg da carne já cortada em anéis, que dourou por alguns minutos, e dois tomates picados, sem pele e sem semente.

Se você ainda tem alguma dúvida: sim estou falando do rabo da vaca, que é limpo e cortado em "postas", se é que podemos chamar assim. Mas não se assuste, é uma carne fibrosa, com alguma gordura e muito sabor.


Assim que a mistura refogou ligeiramente, despejei três cálices de vinho tinto, um tablete de caldo de carne, tampei e deixei ferver por cerca de 50 minutos. De vez em quando, acrescentei um pouco de água para evitar o ressecamento e, consequente, ruína total do prato.

Nos últimos 10 minutos de cozimento, acrescentei três xícaras de pinhão cozido e descascado. Deixei o molho aprumar um pouco e pronto. Servi com arroz e pimentão fresco picado - e até ouvi elogios...

O pinhão é outra história. Ele é fervido por 30 a 40 minutos numa panela de pressão com sal. É preciso descascá-lo ainda quente e guardá-lo no freezer para utilizar em oportunidades mais amenas. Eu seria irresponsável se não alertasse sobre o trabalhão que é descacar este pequeno: as juntas dos dedos doem terrivelmente depois. Mas, enfim, se fores uma pessoa abnegada e/ou corajosa o bastante para começar, vais encontrar a satisfação que procuras ao acrescentá-lo à qualquer cozido.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Crumble de maçã

Logo que comecei a brincar por aqui, passei também a frequentar outros blogs de culinária. Um dos que primeiro me encantou foi o da Filipa. Sempre gentil e educada, ela é um talento na cozinha, com receitas criativas e sofisticadas.

Esta aqui foi a primeira que copiei, com algumas adaptações. Já faz um bom tempo e eu achei que não a publicaria, pois afinal ela contava com uma versão definitiva em outro blog. Recentemente, no entanto, comecei a me dar conta que também tenho leitores e talvez um ou dois deles não tenham visto este crumble de maçã.


Preparei-o descascando e cortando duas maçãs em fatias finas. Despejei-as numa assadeira e joguei algumas colheradas de geleia de uva por cima, espalhando bem. Cobri tudo com uma mistura preparada com 150g de farinha, 80g de manteiga e 100g de açúcar misturados grosseiramente com as mãos até "enfarofarem", se é que você me entende. Deixei no forno médio por 20 minutos e servi ainda quente.

A receita original ainda leva peras e chocolate e você pode conferir aqui.

domingo, 28 de setembro de 2008

Cenouras carameladas

Gosto de cenoura, mais pelas possibilidades que ela oferece no seu preparo, do que propriamente pelo sabor. Não me entendam mal, acho que é gostosa, mas, puxa, não é uma barra de chocolate ou uma picanha gorda. Ainda assim, ela fica uma delícia acompanhando um bife como aqui embaixo. E, cá entre nós, faz bonito também.


Prepará-la é ainda mais simples. Raspei a pele e cortei fatias finas e compridas com um destes descascadores de batata. Eu sou a prova viva de que quaisquer habilidades (ou falta delas) podem ser ignoradas com equipamentos adequados.

Fiz o mesmo com uma abobrinha e coloquei ambas numa panela wok com um pouquinho de azeite de oliva, sal e pimenta do reino. Deixei cozinhar, mas sem perder a crocância e coloquei duas colheres de sopa de mel e uma colher de chá de vinagre balsâmico. Deixei caramelar, servi e salpiquei sementes de gergelim.

Delícia.

sábado, 20 de setembro de 2008

Cebolas loucas

Este bolinho não foi preparado, ele simplesmente aconteceu em meio a uma série de equívocos na tentativa de preparar cebolas empanadas.


A receita não era uma novidade. Bastava cortar as cebolas em anéis largos, temperá-las com sal e pimenta e passá-las no ovo, na farinha de rosca e fritar. Bem, liguei o piloto automático, descasquei a cebola e, numa fração de segundo, percebi que já a tinha cortado em quadrados pequenos, como se fosse fazer um molho.

Minha primeira reação foi xingar, depois olhei para os lados e percebi que não tinha em quem pôr a culpa: encarei a tigela com os dois ovos ligeiramente batidos, a xícara de farinha já acomodada para receber os anéis e misturei tudo enquanto, já descabelada, gargalhava histericamente... (estou inspirada hoje)

Coloquei bastante óleo numa caçarola larga e funda, moldei os bolinhos e fritei em temperatura média. Agora, falando sério: o óleo vai para uma garrafa pet e, mais tarde, para um posto de reciclagem. Não o jogue na pia.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Uma tortilla diferente

Tá bom, tá bom, se quiseres reclamar até serei capaz de admitir que o pratinho abaixo está mais para omelete do que para a sua famosa versão espanhola, mas estou num dia de auto-condescendência e resolvi promover a minha comida. Seja gentil e deixe por isso mesmo...


Perfeito para uma jantinha leve, eu a fiz com uma beterraba cozida picada, folhas de salsinha e queijo mussarela* ralado grosso. Numa frigideira, coloquei uma colher de manteiga (podes fazer com azeite de oliva, mas a manteiga faz uma diferença...) e despejei os sólidos. Depois de uma rápida sacudidela, acrescentei dois ovos grandes batidos e deixei-os cobrir todos os ingredientes.

Este é momento de colocar mais um bocadinho de sal e pimenta do reino. Espere cozinhar por baixo e vire-a como uma panqueca. A manobra é muito difícil? Então faça à moda miguelão: vire cuidadosamente a omelete (ok, ok) num prato e devolva-a do lado certo na frigideira.

Deixe dourar e sirva com pão quentinho.


*por mais que eu me esforce, não consigo escrever "muçarela ou muzarela", como manda a nossa academia.

domingo, 14 de setembro de 2008

Risotto de frango com laranja

Já postei sobre a refeição mais boba do mundo só pela fotogenia. Completamente sem graça, me sinto compelida a explicar que o prato abaixo é mais bonito pessoalmente do que na foto. Bem, ele também é absolutamente delicioso.


Para prepará-lo, cortei um peito de frango em pedaços pequenos, salguei, temperei com pimenta do reino e deixei de molho por cerca de 30 minutos no suco de duas laranjas. Nesse meio tempo, com a habilidade que me é peculiar, piquei uma cebola em pedaços milimetricamente pequenos e uniformes (hahaha) e a fritei numa panela grande com uma colherada generosa de manteiga.

Em tempo: um bom risotto pede uma panela grande - não alta, mas larga de modo que a maior quantidade possível de arroz fique em contato com o calor. É bem verdade que eu posso deixar alguns gourmets de cabelo em pé, mas como não tenho uma panela para cada receita que pratico, depois de várias tentativas comecei a usar minha wok com excelentes resultados. Recomendo.

Assim que a cebola começou a perder a cor, juntei os pedaços de frango (sem o suco) até ficarem douradinhos e acrescentei uma xícara e meia de arroz arbóreo. Mais um parêntese neste momento: tem que ser arbóreo, não se aventure com outro tipo de arroz que não adianta mesmo.

Depois de fritar tudo por alguns segundos (mexendo sempre), acrescentei o suco de laranja e coloquei mais um tantinho de caldo de galinha (claro que usei o tabletinho). Este é o momento de colocar um cálice de vinho branco. Eu confesso que não botei. Não estava no clima de beber a sobra e não ia abrir uma garrafa só para isso, saca?

Agora vem a parte boa. É preciso ficar mexendo sem parar, acrescentando o caldo aos pouquinhos até que o arroz fique no ponto. No meio do caminho, coloquei cerca de 80 gramas de manteiga. Sim, eu sei que é muita manteiga, mas não discuta. Isto não é hora de pensar no seus quadris.

No último instante, acrescente duas colheres de nata (gorgonzola em pedaços também fica uma delícia). Sirva e finalize com uma misturinha tipo "ervas finas" e cebolinha picada.

domingo, 7 de setembro de 2008

Torta alla gianduia

Encontrei uma aliada no meu objetivo de me transformar numa rainha do lar. Ganhei dos guris (segundas intenções?) o livro How to be a domestic goddess, da Nigella Lawson. Receitas de bolos, pães, massas e sobremesas capazes de fazer o faquir mais disciplinado soluçar no cantinho da cozinha...

O capítulo Chocolate, naturalmente, foi o primeiro a ser lido e relido com voracidade. O Frederico sentou-se ao meu lado e escolheu a receita a ser preparada. Acertou em cheio: a torta é linda, molhadinha, quase uma mousse. É fácil de fazer, mas cobra o seu preço na maior relação caloria/grama da história da gastronomia. Ainda assim, vale cada garfadinha.


Não se assuste, mas você vai precisar de 400g ou 1 copo e meio de Nutella (aquele creme de chocolate com avelã que comíamos escondido de nossas mães), 1/2 copo de manteiga sem sal na temperatura ambiente, seis gemas grandes, 50g de chocolate meio amargo derretido e uma pitada de licor de chocolate. Bata tudo numa batedeira.

Numa outra tigela, bata seis claras em neve e misture gentilmente no creme de chocolate. Despeje a massa numa forma untada com manteiga na lateral e papel encerado no fundo e leve ao forno baixo por cerca de 40 minutos. Espere esfriar um pouco para desenformar.

Nesse meio tempo, duas xícaras de avelãs inteiras (comprei descascadas) precisam ser assadas no forno por alguns minutos, sempre abrindo e sacudindo a assadeira para não queimar. Depois, esfregue aos punhados na palma da mão para tirar a pele. O processo é chato e demorado e só não me levou à loucura porque a torta era uma encomenda do meu filho.

A cobertura é feita com cerca de 50g de chocolate meio amargo derretido, 1/2 copo de creme de leite e uma lambidinha, digamos assim, de licor de chocolate. Misture tudo e espalhe sobre o bolo. Com a mistura ainda quente, despeje as avelãs por cima.


Bom proveito!

sábado, 6 de setembro de 2008

Intercâmbio Culinário

Há pouco, entrei para o seleto grupo de participantes do Intercâmbio Culinário. A brincadeira funciona assim: uma portuguesa e uma brasileira formam uma dupla que trocam receitas típicas de seus países, preparam-nas e as divulgam em seus espaços.


Quando me disseram que a Manuela era gente finíssima, nem imaginava que ia encontrar uma nova amiga de infância - hehe. Empatia total, encontrei do outro lado do oceano uma mocinha (sim temos a mesma idade) com quem eu me senti absolutamente à vontade depois de trocar apenas alguns e-mails. Legal isso, não? E ela tem uma cozinha com azulejos azuis: lindo, lindo!

E eu ainda ganhei este banner:



Nossas receitas já estão escolhidas e serão publicdas em novembro.
Aguardem!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mandioquinha de convalescença

Sumi destes pagos para socorrer meu marido, que resolver me dar um susto danado e fez uma cirurgia que nos deixou por dois dias no hospital. Tenho sangue italiano e sou chegada numa opereta. Adivinha se não fiquei três horas chorando em frente ao bloco cirúrgico?

Minha irmã, que tem o mesmo sangue e entende de ópera como eu, me encontrou no corredor do hospital. Ela carregava o Antônio com esforço (pesado com seus 12 meses recém feitinhos). Nos abraçamos e choramos juntas. Que outra mulher vai no hospital chorar pelo marido de alguém? Só se for tua irmã...

A minha, além de tudo, ainda é capaz de fazer a caneca com que servi esta sopa de mandioquinha, boa para qualquer convalescença.



Cozinhe três mandioquinhas grandes descascadas numa panela com caldo de legumes. Junto, coloque duas xícaras de brócolis bem limpo e picadinho e deixe-os até ficarem bem macios. Coloque duas ou três colheres bem generosas de manteiga, um pouco de sal e bata no liquidificador até ficar um creme espesso. Não é preciso peneirar.

Devolva o creme à panela e, somente então, acrescente um punhado de pimenta rosa. Se preferires, coloque somente em cima do prato depois de servir.
Delícia!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Alface com maçã

Sim, sim. Estou sabendo que parecemos três glutões que comem quilos de carboidratos e chocolate diariamente. Embora esta imagem não esteja tão longe da realidade, junto com as calorias também ingerimos outras coisinhas saudáveis como esta salada verde.


Tenho andado à procura de alternativas interessantes para trazer mais prazer e variedade ao capim nosso de cada dia. Sempre alterno folhas diferentes e, por serem mais nutritivas, procuro optar pelas pelas de cor escura.

O molho desta aqui surgiu num daqueles momentos de inspiração que (ufa!) deram certo. Peguei um punhado de maçã seca, dessas que usamos para fazer chá. Cortei-as em pedaços pequenos, hidratei com bastante azeite de oliva e umas gotinhas de vinagre balsâmico.

Na saída, temperei com sal e pimenta do reino, agitei com vontade e misturei às folhas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Tatu com favas

Quando criança imaginava que tatu não era carne de boi, mas do bichinho homônimo e ficava horrorizada em comê-lo. Mais tarde ouvi alguém chamando de lagarto e, nossa: que nojo, eu não vou comer isso, pensava.

Hoje é um dos cortes que mais gosto e não me importa mais o nome que recebe. Tatu se presta para um bife rápido, uma sopa magra ou para uma carne de panela (acho que esta é a melhor maneira de prepará-lo).


Este aqui da foto, comecei a preparar no dia anterior. Numa panela de ferro, fritei uma xícara de bacon bem picadinho e uma cebola cortada muito fina. Logo que a cebola começou a dourar, acrescentei o pedaço inteiro e deixei selar por todos os lados. Em seguida, coloquei três tomates sem pele e sem sementes e cobri com muita água.

Essa mistura ferveu por cerca de uma hora e meia até secar a água. Abri uma latinha de cerveja preta doce (tipo malzbier), joguei na panela e esperei reduzir. Bem, na verdade, essa era minha intenção. Infelizmente, esqueci o que fazia e deixei que a mistura queimasse (só um pouquinho, ok?). Confesso que o sabor não saiu prejudicado, mas o molho ficou um tantinho mais escuro do que eu queria - hehe.

Na manhã seguinte, cobri a carne novamente com água e deixei ferver por uns 30 minutos. Em seguida, acrescentei as favas lavadas. A mistura cozinhou por mais 30 ou 40 minutos, até elas ficarem macias e o molho bem encorpado.

As favas são um capítulo à parte. Não sei de onde vêm nem por que razão. Para mim, são sementes verdes que brotam em saquinhos na banca de legumes lá do mercado público. Minha mãe as fazia ensopadinhas com molho e carne moída. Eu estou buscando algumas alternativas para disfarçar a minha falta de habilidade para o ensopado perfeito.

domingo, 17 de agosto de 2008

Pasta de beringela e uma oração

"Senhor, fazei com que se eu não emagrecer, que pelo menos as minhas amigas engordem".

Ganhei esta oração das minhas colegas de trabalho (corajosas) e, desde então, a recito diariamente. Ela veio impressa nesta tigela linda e bem-humorada que, é claro, me encantou na hora. De saída, para mostrar minha boa vontade em não influir na balança alheia, eu a usei para uma pastinha de beringela praticamente dietética.


Piquei em quadrados regulares duas beringelas pequenas, um pimentão vermelho grande, um tomate pequeno sem pele e sementes (apenas para liberar um pouco de suco), uma porção generosa dessas misturinhas de ervas finas (geralmente contém sálvia, tomilho, majerona e alecrim, às vezes manjericão e orégano). Uma porção à gosto de pimenta do reino moída, sal e muito azeite de oliva. Ele deve cobrir cada micro-pedacinho, estar misturado a todos os ingredientes (use a mãos, sem medo) e sobrar um pouco no fundo da assadeira.

Cubra tudo com papel alumínio e coloque para assar no forno quente por 20 minutos. Tire o papel e deixe mais uns 20 minutos mexendo de vez em quando para que os pedaços dourem por igual. Quando esfriar, regule o sal e pimenta, se necessário e misture muitas folhas de hortelã. Dura vários dias na geladeira e fica uma delícia com um pãozinho torrado.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Simple chocolate muffins

Estes muffins foram o resultado de mais uma incursão com as minhas forminhas de cup cakes ainda relativamente novas. Como adoro esse formato, eu as tenho usado para assar praticamente tudo, nem sempre adequando o uso com muita propriedade. Mas não posso falar isso destes muffins de chocolate, pois são eles que dão sentido à existência das pequenas fôrmas.


Não posso ser classificada como chocólatra. Sou, digamos assim, uma apreciadora contumaz. Defendo a tese de que chocolate é bom com mais chocolate. Seguindo esta lógica, abomino misturinhas com frutas, cremes ou quaisquer coisas (mesmo que deliciosas em outras circunstâncias) que não se enquadrem neste perfil.

Meus muffins são assim e foram preparados com 3 ovos batidos, onde acresci 3/4 de xícara de açúcar, duas de nata e ainda três colheres de manteiga. Depois de bater bem, despejei uma barra (daquelas de 200g) de chocolate ao leite e 2/3 de chocolate meio amargo bem derretidas e homogêneas. Nessa massa, acrescentei uma xícara e meia de farinha e duas colheres de fermento químico.


Distribuí o conteúdo nas forminhas com papelotes e assei até o palito sair seco. Por fora, uma casquinha ligeiramente crocante. Por dentro, maciez, umidade e um sabor de chocolate que derrete na boca. Nós três comemos toda a fornada em poucos minutos. Sucesso total!

domingo, 10 de agosto de 2008

Talharim com dois tomates

Não fazemos grandes elaborações para matar a fome todo o dia: manteiga e alho, azeite e manjericão, tomate e parmesão, quase sempre com um talharim número dois ou número quatro, os preferidos. Perdoem-me o trocadilho, mas massa é arroz de festa (hehe) aqui em casa porque é fácil, rápida, gostosa e engorda - se não me cuidar, acabo emagrecendo*.


Como os tomates andam muito feiosos, aproveitei para fazer este molho com um punhado de tomates cerejas. Salvei só um grandão, do tipo paulista, tirei a pele e as sementes e reservei. Numa panela, fritei uma cebola cortada sem muita cerimônia no azeite de oliva, assim que ela clareou um pouco, acrescentei o tomate picado e deixei-o desmanchar. Esta mistura vai ressecando e às vezes precisa de um pouquinho de água para não queimar. Cortei os tomates cerejas em metades e acresci ao molho, refogando com cuidado para não amolecer demais. Tampei a panela e deixei cozinhando com um pouco de vapor.

Se você for fazer a receita, esta é a hora de colocar sal, pimenta do reino e experimentar. Se sentires alguma acidez, coloque uma ou duas pitadas de açúcar e volte a regular o sal. Junte à massa pronta. Por cima, cubra com uma misturinha de manjerona, sálvia e orégano.

Se me permitires, sugiro que você esqueça que existe queijo ralado em saquinho. Essa porcaria custa caro e só serve para salgar e tapar o gosto da massa. Um pedaço inteiro do parmesão mais sem-vergonha do mercadinho já faz bonito se você o ralar na hora sobre o macarrão. Depois enrole-o num plástico e guarde-o na geladeira por semanas, sem preocupação.

*a piada é velha e não me pertence, uso-a sem pedir licença porque fui incapaz de resistir.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Reciclagem na cozinha

Em tempos de conscientização ambiental, as brincadeiras voltadas à reciclagem estão na pauta. Vale usar papel velho, garrafa pet, embalagens vazias e o que vier à cabeça. Quem tem talento pode fazer maravilhas. Eu, por outro lado, nasci com duas mãos esquerdas e me contento em separar o lixo, guardar o óleo e evitar o desperdício.

Mas quando preparo pratinhos como este aqui, sinto-me uma verdadeira militante ambiental. É sempre a mesma coisa, compro beterrabas e "brigo" com o feirante para que as folhas não sejam postas no lixo. Saborosíssimas e muito nutritivas, elas podem ser aproveitadas numa infinidade de pratos: cremes, sopas, saladas ou num refogadinho básico como este aqui.



Basta picar as folhas e juntá-las na panela com azeite de oliva e o que mais desejares (dessa vez coloquei abobrinhas). Só modere no sal, pois ela não tolera muito a mão pesada. No finalzinho do cozimento, acrescente um ou dois ovos batidos e pronto.

Enquanto preparava, esquentei um pãozinho no forno que serviu de cama para a iguaria. Por cima, um queijo parmesão ralado na hora.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Pudim de boa moça

Muito mais metida do que realmente habilidosa, encontrei na culinária uma brincadeira que me proporciona muito prazer e algumas possibilidades de enganar as pessoas. Com o tempo, se não descobri como cozinhar melhor, aprendi a escolher bem alguns ingredientes e a dar nomes estranhos aos pratos: esta é a alma do negócio. Ainda assim, minha falta de cultura gastronômica aparece com abundância naquilo que não sei fazer. Pudim de leite condensado era uma delas.

Se você mora em outro planeta, vou explicar. Sou mãe de família brasileira. O pudim é sobremesa domingueira por excelência, o doce mais tradicional, aquele cuja receita está incluída no dote da boa moça de família. Resolvi tentar fazê-lo pela primeira vez há mais ou menos uma semana. Liguei para a Ana, anotei a receita e fui para a cozinha. O resultado foi tão bom que - só para ter certeza - fiz mais duas vezes desde então.


No liquidificador, misturei uma lata de leite condensado, a mesma medida de leite e seis ovos (dá para fazer com menos, mas eu é que não vou arriscar!). Como não tenho forma própria, usei a de fazer bolo - aquela com com furo no meio.

Caramelizei a forma, despejando quatro ou cinco colheres de sopa de açúcar e colocando-a sobre a chama do fogão. Fui girando para o açúcar não queimar e derreter uniformemente, espalhando-o por toda a forma. Pronto. Deixei no forno quente em banho-maria coberto com papel alumínio por uma hora.


Para desenformar, é necessário que o pudim já esteja frio. Paradoxalmente, o caramelo precisa ser derretido na chama do fogão. Dê uma batidinha e pronto. Já pode casar!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

As 10 mais pedidas!

A doce Edinha me convidou para participar de um jogo bacana que já virou mania entre blogueiras comilonas.

As regras são as seguintes:
Publicar 10 fotos das nossas receitas preferidas.
Colocar o nome e o link do blog da pessoa que nos indicou.
Passar a outras 5 pessoas e deixar a mensagem, comentando nos blogs de cada uma.



Obrigada Edinha, adorei participar.

Agora, quem vai pegar o bastão é:
A Alice;
A Val;
A Saltapocinhas;
A Mari; e
A Luciana.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Bolinho de batata doce

Agora é oficial, meu nome não é mais Ziza, meu nome é DI! Ontem fui chamada assim pelo Antônio que, no alto dos seus 11 meses, ficou feliz em ver a sua Dinda.

Não tenho nenhum irmão, então não poderia dizer como funciona com eles. Sei que entre irmãs, os filhos são um pouquinho de cada uma.

Eu e a Ana fizemos um pacto pré-adolescente: meu primeiro filho seria afilhado dela e vice-versa (se algum marido reclamou, ninguém estava prestando atenção). O meu bebê chegou bem antes e em breve completa seus 15 anos. Os dois são grudadinhos e o Frederico até hoje teima em chamar a sua dinda por diminutivos como Aninha ou 'tiazinha'...

O Antônio já me conquistou na sala de parto. Mesmo enxotada pela enfermeira, fiquei escondida do lado de fora, esperando na porta a sua chegada neste mundo. Muito pequeno, ainda não pude lhe preparar uma refeição. Seus pratos são papinhas, frutas e misturinhas sem sal. Mas assim que minha irmã e cunhado virarem de costas (haha), acho que vou oferecer um destes bolinhos que o Frederico adora.


Para prepará-los, cozinho duas batatas doces grandes com um pouco de sal e duas folhas de louro. Quando estiverem bem macias, descasco e amasso, fazendo um purê.
Acrescento dois ovos pequenos, meia xícara de farinha, queijo muçarela ralado grosso, salsinha, fermento químico e pimenta do reino. Regulo o sal.

Faço bolinhas dessa massa e as passo numa mistura de ovo batido. Em seguida, rolo as bolinhas molhadas num prato cheio de farinha de rosca. As bolinhas seguem, então, para frigideira com óleo não muito quente. E ficam ali até dourar.

Será que ele vai gostar?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Pensando leve

Nham, nham, nham. Quem disse que prazer não pode vir em baixas calorias?

Eu gosto de usar opções como esta aqui para acompanhar delícias calóricas ou para os dias em que eu preciso pensar com mais leveza. Ninguém precisava da receita, mas vou descrevê-la mesmo assim porque é minha desculpa para publicar uma foto tão linda...

Esta saladinha é preparada com ricota fresca cortada em cubos, tomates cerejas em metades, muitas folhas de coentro e um molhinho que leva dois dedos de azeite de oliva, uma colher de sopa de vinagre balsâmico, sal e pimenta do reino. O segredo do molho é prepará-lo numa vasilha pequena e com tampa para poder sacudi-lo com muita vontade antes de agregá-lo ao restante dos ingredientes.


Não dá gosto de ver?

sábado, 19 de julho de 2008

Supremo de Bananas

Hoje acordei com vontade de ter um Supremo. Pensei com meus botões "que maravilhoso País é este, que permite a qualquer cidadão de boa vontade ter um desses só pra si". Achei que devia homenageá-lo - o País - com um Supremo de bananas. Claro, idéia fantástica, afinal nós temos bananas...

Abri meus velhotes livros atrás da receita rasgada. O nome do prato era outro, mas como eu queria mesmo um Supremo, roubei a idéia de um habeas culinarius e mudei o seu nome. O argumento é cristalino e irrefutável, acrescentei alguns dos mais utilizados ingredientes da tradição tupiniquim: o jeitinho e a cara-de-pau.


Você entende. O livro pedia que eu batesse quatro bananas amassadas, uma gema, três colheres de óleo, 1/2 xícara de açúcar e a mesma medida de iogurte. Como eu não tinha iogurte, dei um jeitinho (ahá) e misturei algumas colheres de nata com outras de leite. Ficou estranho, mas tudo bem, eu não ia servi-lo no banquete da Polícia Federal mesmo.

Já estava no meio do caminho, quando percebi que não tinha óleo. Para substitui-lo, coloquei mais um pouquinho de nata. A farinha, bem, aquela xícara de farinha deveria ter sido peneirada. Mas já que ninguém faz isso, porque eu deveria? Joguei tudo na tigela. Junto, foram as três claras que precisavam ser batidas em neve, mas não foram. Bem, quem iria descobrir, não é mesmo?

Depois de pronta a mistura, fiz uma farofinha doce misturando açúcar, margarina (bobagem usar manteiga) e farinha. Coloquei tudo em forminhas que não foram untadas. Usei aquelas de papel mesmo. Depois, quando comer, eu dou um jeito de desgrudar...

Ah, não pense que eu me descuidei com o acabamento. A farofa foi cuidadosamente despejada sobre cada um dos supremos. Os bananas, digo, as frutas, foram fatiadas e dispostas felizes sobre cada um dos quitutes. Finalmente, para manter a tradição e homenagear os veneráveis, foi preciso comer tudo sozinha.

sábado, 12 de julho de 2008

Tortinhas de espinafre

Observando as imagens dos blogs amigos, percebi que por mais que ache lindo, jamais sirvo as minhas receitas empratadas. Acho que em anos, muitos anos, fazendo almoços, jantares, cafés e mata-fomes, nunca servi uma refeição assim. Minto, servi uma vez para os meninos. Eles ficaram frustrados e encerraram o jantar com fome - hehe.

Pensando nisso, tentei arrumar delicadamente a tortinha abaixo: tomates cerejas, brotinhos e uma linda salada. O resultado, se queres saber, foi cafonérrimo. Olhei o prato e sequer tive chance de ficar deprimida com meu fracasso. Talvez por estar num dia de tolerância total com as minhas imperfeições, cheguei a conclusão de que o tão moderno serviço à inglesa não bateu à minha porta porque nunca tive fantasia de virar chef.

Meu prazer em cozinhar é o de uma velha matrona. Imaginário ligado ao carinho, ao cuidado, ao prazer e à fartura: nenhuma tendência voltada à criação artística, portanto.


Esta tortinha verde me desperta um pouco deste carinho todo. É uma versão de um dos pratos preferidos da minha infância: creme de espinafre com ovos. Eu o comia na casa da minha vó, fartando-me das gemas cozidas deixadas no centro da assadeira.

Para prepará-la, coloquei no liquidificador um maço de espinafre, um ovo, uma colher de fermento, duas de manteiga, meia xícara de leite e uma xícara de farinha, além de sal e cominho. Bati bastante e despejei o conteúdo nas minhas novíssimas forminhas de cupcake (oba!) untadas e enfarinhadas. Em algumas, larguei um ovo em cima.

A massa assou no forno moderado por cerca de 15 ou 20 minutos e pronto. Sei que esta receita tem potencial para virar uma bela entrada num serviço empratado. Eu resolvi não ir contra minha natureza e deixar por isto mesmo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Purê sem casca

Há tempos venho pensando em preparar alguns pratos com mandioquinha, que aqui no Sul chamamos de mandioquinha paulista. Mas toda vez que a pegava no mercado, acabava esbarrando no preço, muito superior aos seus equivalentes batata e aipim. Acontece que minha irmã, mulher recentemente especializada na preparação das papinhas do Antônio, falou-me maravilhas do ingrediente e eu resolvi finalmente comprá-lo.


Sem saber exatamente o que preparar, coloquei-as na panela para cozinhar por cerca de meia hora com um bocadinho de sal. Findo o tempo calculado, descobri que a mandioquinha não só já estava cozida, mas o prato (um delicioso purê) já estava praticamente pronto. Bastou apenas tirar as cascas do meio do caminho - hehe.

Achei que era um sinal e acabei com o dilema da receita. A carne já estava no forno mesmo, um purezinho era tudo o que precisávamos de acompanhamento. De sabor leve e marcante, a mandioquinha não pediu nada além de sal e um esguicho de azeite de oliva. Absolutamente deliciosa por si mesma, ela não depende de manteiga, ovos, leite, batedeira, queijo ou qualquer outro acessório que usamos para dar um gostinho que seja ao purê de batatas tradicional.

O tubérculo arrasou e eu fiquei completamente rendida. A carne parou lá no canto do prato esperando sua vez de ser devorada, porque quem reinou na mesa foi mesmo o acompanhamento. Se fores fazer também, recomendo tirar a casca antes do preparo! Ah, por cima larguei umas folhas de hortelã.