quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tainha com farofa de sálvia

Nós três gostamos muito de comer um peixinho... infelizmente os preparo com menos frequência do que gostaria - e os posto menos ainda. A desculpa, naturalmente, é minha falta de habilidade para cozinhá-los. Faço duas ou três receitas, em que vou substituindo os ingredientes principais - e mantenho sempre a mesma técnica de cocção.

Num esforço para prepará-los com mais frequência, venho buscando novas espécies e, na medida do possível, tentando variar as receitas. Ainda assim, vez por outra acabo fazendo a versão assada. O arqumento é que é mais saudável, aproveita-se melhor a carne e é muito mais prático. Basta não esquecê-lo no forno para índice de erro ficar bem próximo de zero.


Esta aqui é uma tainha assada. Preparei sem nenhum recheio, do jeitinho mais fácil. Comprei o peixe inteiro e limpo. Em casa, o lavei bem e retirei parte das escamas que ainda sobravam. Lambuzei o bichano com azeite de oliva e temperei por dentro e por fora com sal e pimenta-limão (uma mistura de pimenta branca e preta, com malaguetas e casca de limão seca), que garante um picante-azedo fantástico.

Deixei assando no forno numa assadeira untada por cerca de uma hora, até ficar bem douradinho e crocante. Durante o preparo, reguei a assadeira com um pouco de água para não queimar.

A farofa é feita cobrindo o fundo da panela com óleo vegetal comum. Uso bastante o de canola para não interferir no sabor dos alimentos. Quebrei um ovo e misturei bem, sem medo de deixá-lo boiando no óleo. Agora é hora de temperar com sal e pimenta do reino moída na hora. Despejo, então, a farinha de mandioca e deixo a mistura empelotar. Se secar demais, coloco mais um pouquinho de óleo. As folhas fresquinhas de sálvia foram acrescidas no final.

A farofa também serve para comer com carne e feijão (nesse caso, acrescente um pouquinho de bacon ou linguiça antes de refogar o ovo). Delícia.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Iogurte sem iogurteira

Se você circula por food blogs, deve ter percebido que vários deles andam postando receitas de iogurte. Deixaram-me com vontade não apenas de comê-los, mas de comprar uma iogurteira.

O problema é que minha casa é pequena e minha cozinha já não suporta mais tranqueiras, então resolvi retomar uma receita antiga (da minha irmã) da qual as iogurteiras seguem o princípio básico.

Acenda o forno e deixe aquecer. Nesse meio tempo, esquente um litro de leite (fiz com semi-desnatado) até cerca de 70ºC: ele ficará bem quente, desgradável ao tato se pingado na mão. Não o deixe ferver.

Despeje um copo de iogurte natural na leiteira e misture bem. Tampe e enrole o recipiente com um pano de prato, abafando bastante. Desligue o forno e deixe o preparado lá dentro, quieto por umas oito horas - claro que eu faço antes de ir dormir.


De manhã, você terá um litro de um belíssimo iogurte. Eu gosto de comer puro, com frutas misturadas. Mas você pode bater com mel, aveia, açúcar mascavo ou que mais desejares.

Obs: separe um copo deste mesmo iogurte para preparar novamente.

domingo, 16 de novembro de 2008

Quem não planta para comer? - parte II

Aquela famosa rede de supermercado aqui da região Sul está vendendo (puxa, já faz um tempão) vasinhos com ervas para chás e temperinhos deliciosos. Meu manjericão já ganhou a companhia de um pé de hortelã, uma sálvia e um tomilho.

Embora eu os coma com moderação (sim, eu continuo com pena de arrancar as folinhas), confesso que fazem uma senhora diferença, mesmo em qualquer pratinho de última hora. Para provar, segue aqui a foto do meu talharim com azeite de oliva, sal e tomilho.


Cozinhe o macarrão em água salgada até ficar al dente, despeje no prato de servir, acrescente azeite de olva e folhinhas de tomilho. Se quiseres, rale na hora um queijo parmesão por cima de tudo.

Barriguinha cheia, nenhum trabalho e comidinha gostosa.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Bolo de carne muito fácil

Ele faz bonito e não exige nenhuma habilidade culinária. Se você se sente confortável com uma faca de cozinha (mesmo as de serrinha), já pode prepará-lo e fazer sucesso no almoço informal com a prima-irmã da sua sogra.


Pique três dentes de alho, meia cebola e um tomate em pedaços pequenos. Misture 500g de carne moída, uma linguiça picadinha, 50g de manteiga, dois ovos batidos, sal, pimenta do reino, orégano e uma xícara de farinha de rosca. Use as mãos e misture com vontade.

Unte uma forma com bastante manteiga e, no fundo, coloque alguns tomates em fatias. Despeje a mistura na forma e coloque no forno quente para assar por 40 minutos, ou mais, até ficar douradinho. Desenforme e sirva quente, com arroz e salada.

Se você é daqueles que não suporta comida sem molhos, sirva com um bechamel. Fica delicioso.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bolo-mousse de tangerina

Enquanto a saboreava, pensava: será um bolo? será uma mousse? Como não estava a fim de controvérsia (ainda mais comigo mesma), apelidei esta sobremesa de bolo-mousse de tangerina.


Inacreditavelmente gostosa, ela exige seis tangerinas daquelas bem azedinhas. Descasque três delas, tire toda a pele, os fiapos brancos (que deixam um gosto amargo depois de cozido) e os caroços. Bata-as no liquidificador e acrescente três gemas de ovos, uma xícara de açúcar, uma colher de sobremesa com fermento químico, uma xícara rasa de farinha (quer precisão? calcule 7/8) e 80 gramas de manteiga.

Bata três claras em neve e, na mesma bacia, misture-as cuidadosamente com o conteúdo acima. Unte uma forma baixa (aqui embaixo tem a foto de uma versão nos meus novíssimos ramequins que ficaram igualmente deliciosas) e coloque para assar no forno médio por uns 40 minutos. A massa deve ficar levemente molhadinha: queremos um palito úmido no final.


Enquanto o bolo-mousse está assando, pegue as três tangerinas que sobraram, descasque e coloque tudo no liquidificador. Dessa vez, não precisa cuidados especiais. Penere todo o bagaço (fiapos e coroços) e guarde apenas o suco.

Numa caneca, misture o suco com meia xícara de açúcar e esquente em fogo baixo até formar uma calda. Não deixe ferver. Despeje esta calda sobre o bolo já assado, mas ainda quente e enformado. Deixe-o absorver todo o líquido. Se achar que está demorando muito, faça furinhos com um garfo para ajudar. Desenforme depois. Coma quente ou gelado.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Churrasco do dia seguinte ou arroz de carreteiro

Churrasco aqui não tem nada de barbecue, assamos a carne no carvão e comemos sem muita frescura, acompanhada por folhas verdes e cerveja gelada. Bem, uma saladinha de batata com maionese também é um clássico. Aqui em casa, fazemos preferencialmente com vazio (fraldinha), maminha, entrecot e salsichão. Pão com alho, cebolas e pimentões assados também são muito bem-vindos.

O churrasco vira sempre várias coisitas gostosas no dia seguinte. Todas as famílias gaúchas tem suas receitas para o reaproveitamento da carne que sobrou: minha madrinha faz croquetes maravilhosos e uma amiga prepara até sopa.

A única unanimidade entre todas as moças e rapazes prendados é o arroz de carreteiro. A receita tradicional pede charque, mas quem se importa? A carne de churrasco, provavelmente, já é muito mais usada para elaborá-lo do que qualquer outra disponível. Vou acrescentar que o resultado é bem similar (senão idêntico) com uma carne bem tostadinha assada no forno.


Espero não ofender nenhum tradicionalista, mas fiz várias alterações na receita e o meu carreteiro é preparado assim: refoque no óleo três dentes de alho, uma cebola picada em quadrados pequenos e um pimentão verde. Acrescente duas xícaras da carne picada (pode misturar mais de um tipo - fica ótimo), se tiver um pedacinho de gordura, tanto melhor: espere ela tostar e liberar um pouco de suco. Agora é hora de colocar uma xícara de arroz comum, tipo cateto, e deixá-lo refogar um pouco na mistura.

Acrescente, então, um tomate picado sem pele e sem semente. Deixe fritar bem e desmanchar um pouco. Em seguida, despeje duas xícaras e meia de água fervente e tampe a panela. Mexa de vez em quando e, no final do cozimento, acrescente um punhado de salsa e cebolinha picada.

O arroz deve ficar molhadinho e bem cozido. Se for preciso, adicione mais água para não secar. Como a carne é assada com sal grosso, este condimento é totalmente dispensável. Mas vale colocar uma boa pitada de pimenta do reino.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Pacotinhos de linguiça à facão

Com um olhar condescendente e uma certa dose de impaciência (- o que tanto pergunta esta menina?*), o açougueiro explicou que a linguiça cortada à facão se despedaça assim que tiramos a pele. Nada moído, nada fatiado. São mesmo pedacinhos de carne suína selecionados com carinho, acrescidos de pouca gordura e ligeiramente defumados - vou levar esta, decidi.

Em casa, enquanto a cozinhava, senti que finalmente tinha feito uma excelente descoberta. Perfumada, recheou lindamente minhas panquecas em pacotinhos.

Para prepará-la, retirei a pele de um pedaço de 200g e, numa panela, a amassei até parti-la em pedaços. Liguei o fogo (sem óleo) e assim que a gordura começou a soltar, acrescentei três dentes de alho bem picados.

Nesse meio tempo, assei no forno até dourar uma misturinha básica composta por uma beringela cortada em quadradinhos, um pimentão verde em tiras e um punhado de tomates cerejas partidos em metades. Tudo lambuzado com azeite de oliva (é claro), uma pitada de sal e um bocadinho de ervas finas. Misturei com a liguiça pronta.


Esta mistura genial (deixo a modéstia para depois) foi parar dentro de massinhas de panqueca (veja a receita aqui) finíssimas, que fechei como se fossem pacotinhos. Coloquei-os numa assadeira untada com um pouco de azeite para encrespar no forno quente por uns 10 minutos. A medida deixa a massa crocante nas pontas e levemente selada. Ninguém quer desabar toda a comida na primeira garfada, certo?


Servi com muita salsa bem fresquinha.


* o menina foi por minha conta.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Filhoses no forno

Enquanto Manuela preparava pãezinhos de queijo mineiríssimos, filhoses no forno foi a receita que elegi para participar do Intercâmbio Culinário. A brincadeira funciona assim: uma blogueira portuguesa e outra brasileira trocam receitas típicas de seus países, as preparam e as postam em data agendada. Tudo mediado por este blog aqui.

Sou uma cozinheira de sorte e ganhei uma parceira queridíssima que me ensinou os segredos das filhoses, docinhos típicos da ilha Terceira onde ela vive. Delicada, a massa lembrou-me um pouco as carolinas (ou profiteroles, se preferires a versão francesa).


O recheio, nossa, o recheio fez-me sentir uma chef pâtissier e por isso, vou começar por ele: numa panela, desmanchei duas colheres de sopa de maizena, com 500 ml de leite. Nessa mistura, coloquei um ovo inteiro e cinco gemas (congelei as claras restantes e usei depois para um suflê), 250g (sem balança, calculei que daria uma xícara e meia) de açúcar e a raspa da casca de um limão (usei limão siciliano, tomando todo o cuidado para não deixar a amarga parte branca da casca cair na mistura). Liguei o fogo bem baixinho e deixei cozinhar até o ponto de mingau, mexendo e experimentando sem parar.

A massa foi preparada batendo cinco ovos inteiros até ficarem bem fofinhos. Com uma colher, misturei aos poucos 250g de farinha, uma colher de fermento químico e uma pitada de sal. Em seguida, fui misturando devagar uma xícara de água e a mesma medida de leite até ficar uma massa homogênea e de textura líquida.

Seguindo a dica da Manuela, deixei o forno bem quente e coloquei a massa para assar em forminhas untadas e enfarinhadas. Elas crescem tanto que ficam ocas e são então recheadas com o creminho que já expliquei ali em cima.


Para rechear, abri uma tampinha bem discreta nos bolinhos, enchi um saco plástico com o creme, cortei uma de suas pontas e, devagar, fui espremendo o conteúdo lá dentro.

Depois, mal tive tempo de esperar esfriar antes de comê-las.