Eu faço pão.
Se fizer a conta na ponta do lápis, é provável que ele custe mais que um pão especial de padaria. Provavelmente ele também não é tão bom quanto um pão italiano bem feito numa casa especializada. Ainda assim eu continuo fazendo. Não me entendam mal, ele é bonito e é gostoso, mas essa não é minha principal motivação para prepará-lo.
O pão tem toda aquela mitologia
roots, entende? Eu amasso o meu cantando
Cio da Terra, do Chico Buarque/Milton Nascimento: forjar no trigo o milagre do pão (lá, lá). Enquanto eu faço, me sinto capaz de qualquer coisa. Me imagino ceifando o trigo, triturando os grãos num pilão, o lenço floriado prendendo meu cabelo, o longo vestido redondo salpicado de farinha. Vou fugir para a Provence e só cozinhar numa casa de pedra com janelas azuis e fogão a lenha. Por causa disso, eu continuo fazendo. Prepará-lo vai ser sempre mais divertido do que comprá-lo.
Olha só como fica.

Preparo a massa misturando 1/2 kg de farinha de trigo, dois ovos, uma colher de sal, uma pitada de açúcar e um envelope de fermento biológico dissolvido em 1 xícara de leite morno.
A farinha precisa ser peneirada numa bacia grande. Abra um espaço no meio e coloque todos os demais ingredientes. Sove até você ficar com os braços bem cansados. Pare até melhorar e recomece. A massa tem que ficar lisinha e com alguma elasticidade.
Deixe descansar por 40 minutos e somente depois disso abra-a sobre uma superfície enfarinhada (para não grudar). Despeje o recheio de sua preferência e feche como um rocambole.
Este aqui, fiz com beringela e cebola refogada.

Antes de assar em temperatura média por cerca de 30 minutos, bata um ovo e despeje sobre a massa para dourar.
Este recheio de linguiça fiz refogadinho com azeite e alho. Vale por um bifinho.