Sabe aquele velho papo da cozinheira na mesa de almoço: "hum, não ficou tão bom. Eca, não era bem isso que eu queria fazer"?. A conversa obriga os comensais a elogiarem e dizer (inclusive mentir) que seja lá o que foi servido ficou estupendo.
Bem, não sei quanto aos demais colegas cozinheiros, mas frequentemente termino a refeição com um pinguinho de frustração: faltou uma pitada de sal, um ingrediente fora de época, um cochilo em frente ao fogão. Às vezes, a perfeição parece ficar a alguns passos apenas...
Mas dia desses fiz um prato que comi sem pensar em nada disso. Estava exatamente como eu queria: rico, saboroso, fresco e colorido.

Misturei numa assadeira enorme, cenouras cortadas em fatias finíssimas ao comprido. Como minha habilidade é rasa, usei um descascador de legumes que resolve o problema com facilidade. Acrescentei cebolas em anéis, pimentão vermelho, beringela, tomates e vários dentes de alho inteiros - só tire a pele, por favor.
Cobri essa mistura com sal, azeite de oliva, (o suficiente para que todos os ingredientes fiquem fartamente cobertos), pimenta do reino e um porção de tomilho, sálvia, óregano e manjerona.
Sobre tudo, e agora começa a maldade, coloquei pedaços de bacon fatiados, cobri com papel alumínio e levei ao forno. Tirei o papel nos quinze minutos finais para deixar o forno trabalhar, deixando tudo douradinho.
Servi com salsichões (uma espécie de linguiça de porco) assados na grelha e muito vinho para acompanhar. O resultado é que mesmo na sala apartamento, dá para comer se sentindo no pátio, embaixo daquela árvore gigantesca, que faz sombra há quatro gerações... se você experimentar este prato e não se sentir assim, é porque precisa tomar um pouco mais de vinho.