quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Spam para emagrecer

Todo mundo recebe aqueles spams com dicas para uma vida melhor. Preciso confessar uma coisa: eu os leio. Às vezes me assusto com as pragas por deixá-los parados na caixa de entrada. Ainda assim, por norma editorial, nunca os repasso.

Há algumas semanas dei toda a atenção para um arquivo com dicas nutricionais. Ele explicava que a semente de linhaça era um excelente complemento para emagrecer. Desde então, passei a comê-la diariamente. Ela acompanha todas as minhas refeições: está sobre o pãozinho assado, sobre a batata cozida com manteiga, junto às tortinhas com creme de leite e sempre antes das sobremesas, que podem ser chocolates, mousses ou bolinhos. Ainda com todo este cuidado, engordei.

Mesmo apostando que a causa do meu upgrade na balança foi não ter reencaminhado o e-mail original, achei que uma saladinha podia ajudar também.


Esta aqui, preparei usando folhas de espinafre cruas (nunca comeu? Experimenta), radiccio e alface mimosa crespa. Para o molho, usei azeite de semente de uva, uma novidade na minha cozinha. Ele foi temperado com sal e pimenta do reino e despejado sobre a salada. Misturei tudo com as mãos e voilá. Não pode esquecer da linhaça...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Anjo com gengibre e leite de coco escondidinho

O marido tem algumas teimosias só reconhecíveis bem de pertinho...
Ele não gosta de cocada, quindim, chocolate prestígio e doces preparados com a típica fruta tupiniquim (eu já disse que eram bananas?). Por conta disso, ele passou a recusar moqueca e todas as suas deliciosas e exuberantes variações com leite de coco.

Por algum tempo, tentei inutilmente argumentar que os sabores são distintos, as texturas são incomparáveis e os resultados então, nem se fala... Ligeiramente frustrada, resolvi o problema com um truque desonesto (mas justificável - espero que concordem) que foi apresentar este filé de anjo com gengibre e leite de coco (hum, hum - limpando a garganta) sem mencionar o ingrediente final.


Cortei duas cebolas em anéis e meia xícara de café de gengibre em cubos pequenos. Temperei o peixe com sal e distribuí os ingredientes em camadas numa panela alta (primeiro a cebola para o anjo não queimar). Coloquei 200ml de leite de coco e a mesma quantidade de água. Deixei no fogo por cerca de 30 minutos, até cozinhar bem o peixe e o molho reduzir pela metade. Não tinha em casa, mas fica perfeito jogar cebolinha por cima depois de pronto.

Sei que omitir ingredientes é pior que falar de boca cheia, mas conheço o paladar do meu eleitorado e tinha certeza (digo, certeza mesmo) de que ele iria adorar o prato... E só no dia seguinte, depois de colher alguns elogios, confessei a tramóia cheia de culpa.

domingo, 12 de outubro de 2008

Filezinho de porco com alecrim

Tenho uma relação complicada com o alecrim: já comprei, já pus fora e já comprei de novo. Mais de uma vez desisti de usá-lo no último instante. Sempre com receio de que a comida fique com gosto de sachê de armário. Não me peça para explicar, é isso que ele me lembra.

Dia desses criei coragem e preparei um filezinho de porco cortado em pedaços. Eles foram temperados com duas colheres de sopa de alecrim fresco, vinho branco, sal e pimenta do reino e ficaram marinando na geladeira por uns 20 minutos.


Esquentei a panela de ferro com óleo e refoguei uma cebola, dorei a carne e, em seguida, deitei todo o suco da marinada. Acrescentei mais dois cálices de vinho não muito cheios e, logo que começou a ferver, cinco ou seis pedaços de mandioquinha paulista.

Esperei tudo amaciar e o molho reduzir. Fiz as pazes com o temperinho...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Pineapple sponge cake

Este bolo entra na categoria comidinhas de quitanda com nomes importados. Sim, não se impressione com a titulação, é só um bolo de abacaxi. Mas, cá entre nós, que abacaxi...


Para prepará-lo, é preciso untar uma forma redonda com bastante manteiga, descascar e cortar a fruta bem docinha em fatias. Use-as para cobrir o fundo da forma e deixe esperando num canto.

Numa vasilha, bata três gemas com uma xícara de açúcar. Assim que a mistura ficar cremosa, coloque cerca de 80g de manteiga em temperatura ambiente. Depois de bater um pouco, despeje mais uma xícara de suco concentrado de abacaxi, a mesma medida bem cheia de farinha de trigo (deixe um morrinho, sabe?) e uma colher de chá de fermento químico.

As três claras que sobraram são batidas até o ponto de neve e depois misturadas à massa preparada no parágrafo anterior. Asse em formo moderado por cerca de quarenta minutos até o palito sair seco.

Enquanto isso, despeje numa panela uma lata de leite condensado, a mesma medida de suco concentrado de abacaxi e duas colheres de manteiga. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sem parar (recomendo usar um fouet). Ela estará no ponto 10 a 15 minutos depois de começar a ferver (é um ponto de cobertura, não muito duro, nem mole demais).

Use uma faca de pão para dividir ao meio o bolo já frio (eles quebram com facilidade quando estão quentes) e recheie com o leite condensado. Cubra com a metade do bolo que tem os abacaxis.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Rabada com pinhão

Quando eu o vi exposto no açougue fiquei logo toda animadinha. Comprei num impulso, congelei e levei uns dois meses até conseguir prepará-lo. Por duas ou três vezes eu propus cheia de alegria à família: vamos comer rabada????? Ouvi gemidos em negativa e, bom, nem vou falar das caretas.

Neste final de semana ignorei as súplicas dos guris, piquei uma cebola em quadrados pequenos e deixei refogar na panela de ferro com sal e pimenta do reino. Assim que ela empalideceu ligeiramente, coloquei cinco dentes de alho picados, 1kg da carne já cortada em anéis, que dourou por alguns minutos, e dois tomates picados, sem pele e sem semente.

Se você ainda tem alguma dúvida: sim estou falando do rabo da vaca, que é limpo e cortado em "postas", se é que podemos chamar assim. Mas não se assuste, é uma carne fibrosa, com alguma gordura e muito sabor.


Assim que a mistura refogou ligeiramente, despejei três cálices de vinho tinto, um tablete de caldo de carne, tampei e deixei ferver por cerca de 50 minutos. De vez em quando, acrescentei um pouco de água para evitar o ressecamento e, consequente, ruína total do prato.

Nos últimos 10 minutos de cozimento, acrescentei três xícaras de pinhão cozido e descascado. Deixei o molho aprumar um pouco e pronto. Servi com arroz e pimentão fresco picado - e até ouvi elogios...

O pinhão é outra história. Ele é fervido por 30 a 40 minutos numa panela de pressão com sal. É preciso descascá-lo ainda quente e guardá-lo no freezer para utilizar em oportunidades mais amenas. Eu seria irresponsável se não alertasse sobre o trabalhão que é descacar este pequeno: as juntas dos dedos doem terrivelmente depois. Mas, enfim, se fores uma pessoa abnegada e/ou corajosa o bastante para começar, vais encontrar a satisfação que procuras ao acrescentá-lo à qualquer cozido.